Em 2020, a pandemia impediu o encontro dos empregados da Caixa que fariam parte das 27 delegações das Associações dos Empregados da Caixa (Apcefs) para participar da 14ª edição dos Jogos da Fenae. O encontro esportivo nacional marcaria, pela terceira vez, a realização da prova de natação paralímpica.
Neste ano do aniversário de 50 anos da Fenae (29/05), a comemoração também é dos que acreditaram no esporte e nas ações de qualidade de vida incentivadas pela Federação, com o comprometimento das Associações. Ao atenderem o chamado para participarem da modalidade que incluía no evento esportivo a pessoa com deficiência, em agosto de 2016 em Blumenau (SC) e na 13ª edição dos Jogos Fenae em São Paulo, em 2018, esses participantes provaram confiar na capacidade do associativismo.
Três empregados Caixa, associados de Apcefs (Rio de Janeiro, Pará e de Sergipe) contam como foram os encontros com os Jogos da Fenae, falam da prática esportiva e avaliam o significado do esporte em suas vidas. Para eles, o esporte foi superação da capacidade física, autoconhecimento e um divisor de águas.
Daniela Vieira Pessoa (APCEF/SE)
“Os Jogos da Fenae entraram em minha vida em uma época muito complicada, pois foi quando me tornei uma pessoa com deficiência. Participar daquele evento em 2018 foi algo necessário para a minha recuperação e aceitação. A Apcef/SE me informou da inclusão da modalidade nos Jogos da Fenae e me chamou para participar. No evento me vi começando a ser atleta aos 40 anos, o que não é fácil com uma limitação física, dentro de uma comunidade e fazendo parte de uma coletividade muito maior. Me descobri atleta e PCD me recuperando de uma cirurgia da coluna, retornando ao trabalho e começando a treinar fazendo parte da delegação de natação pela Apcef de Sergipe.
Enxergar esse lado da Fenae, de incentivar a inclusão e, ao mesmo tempo, ser acolhida dentro das minhas limitações, foi fundamental em minha vida. Foi a primeira vez que eu saí de casa como deficiente e lá nos Jogos fui recebida com carinho e apoiada em todos os lugares”, conta a empregada Caixa, que atualmente passa por um período de transição nas atividades na agência onde atua para entrar em licença e fazer uma nova cirurgia, o que a proíbe de nadar ou fazer qualquer atividade física.
Daniele Pessoa lembra o misto de emoções que sentiu no dia da premiação dos Jogos de 2018 ao avistar a rampa que teria de subir para o pódio (no Centro de Prática Esportivas/USP) e eu não podia subir sozinha. “Me senti apoiada por toda a equipe da Fenae e dos colegas que me ajudaram a chegar lá e vi que o evento realmente é de congraçamento nesse universo dos empregados da Caixa. Vou voltar às atividades físicas após essa cirurgia. Até lá, esperando que tudo melhore, que essa pandemia passe para que voltemos a nos reunir nas próximas edições dos Jogos”, completa a associada da Apcef/SE, lotada na agência central do município de Lagarto (SE).
Thiago Luiz Neves Campos (APCEF/PA)
“A possibilidade de participar dos Jogos da Fenae me despertou e me motivou para o esporte. Por isso, me sinto muito grato, pois antes eu tinha uma vida sedentária. Depois que acreditei que poderia treinar, e que teria a possibilidade de ir para os Jogos da Fenae/Apcef, me dediquei a natação. O esporte e a natação trouxeram mais saúde e qualidade de vida. O evento foi importante para a valorização dos PcDs entre os empregados da Caixa, veio reforçar esse reconhecimento e nos juntar. Os eventos nos tornaram mais conhecidos como atletas em nível de empresa, tivemos momentos de confraternização, contamos com a torcida das pessoas na beira da piscina. Tudo isso é muito importante e gratificante. Me senti honrado por participar das duas edições dos Jogos e posso dizer que isso foi um divisor de águas na minha rotina e na vida porque me abriu a mente para que eu acreditasse em praticar outros esportes, como a natação”. Thiago Campos lembra que começou a treinar natação uns três meses antes da realização dos Jogos da Fenae/Apcef, que aconteceriam em agosto de 2016, incentivado por um colega da Caixa.
Na ocasião, a Apcef/PA estava incentivando paratletas a participarem dos treinos e irem para os Jogos. “Foi um momento que percebi que eu poderia fazer outras atividades físicas além do futebol que eu praticava antes de adquirir a limitação física. Essa oportunidade abriu a minha mente para outros esportes”. Thiago diz que depois dos jogos de 2016 parou com os treinos, voltou no início de 2018, e teve de suspender a natação desde a pandemia, mas não deixa de fazer suas atividades físicas regulares em casa.
“Como o esporte já está entranhado em mim, por saber de seus benefícios para a saúde e para a mente, não parei mais de fazer atividade física e em casa mesmo eu pratico, faço funcional. Por saber dessa necessidade não fiquei procurando alternativas faço em casa mesmo”, conclui Thiago, 37 anos, que após um período de trabalho remoto, optou pela volta às funções presenciais na agência em Moju, distante 100km de Belém, no Pará.
Irapuan de Souza Coelho – (Apcef/RJ)
O associado da Apcef/RJ lembra que foi um dos nadadores que participaram da primeira prova paralímpica dos Jogos da Fenae, realizada em 2016 em Blumenau (SC), mas não foi a primeira vez que ele fez parte das provas nacionais de natação junto com os colegas das Associações, já que competiu antes da estreia da modalidade para PcD. Já foram quatro participações e ainda muita vontade de que passe logo a pandemia para que ele volte às raias das piscinas para treinar.
Em home office das funções que desenvolvia presencialmente na agência da Caixa Tribunais na Lapa, no centro do Rio de Janeiro, Irapuan, que fará 61 anos no dia 15 de maio, tem ficado mais tempo na Baixada Fluminense, assim como evita os deslocamentos para preservar a saúde nestes tempos de pandemia.
O medalhista olímpico que conquistou bronze nos Jogos Parapan-americanos de 1982, em Halifax (Canadá), que exibe vitória como treta-campeão brasileiro em São Paulo, 1994, que comemora participações em mundiais e acumula cerca de 300 medalhas, elogia a atitude de inclusão da Fenae na modalidade de natação.
“Foi uma atitude excelente da Fenae ter incluído a prova para os paralímpicos participarem. Faz com que os deficientes se sintam enquadrados no esporte e mais incluídos socialmente. Um grande incentivo para as pessoas crescerem no esporte e deixarem de se sentir isoladas. A Fenae ter percebido isso, observado competidores com deficiência participando das provas com os demais e vendo essa necessidade, deu reconhecimento e valorização. Isso é necessário principalmente para aqueles ainda não-esportistas, para os que não despertaram, mas que podem competir”, conta Irapuan Coelho, que em 2014 disputou, nos Jogos da Fenae em Goiânia, prova de nado livre absoluto com todos os competidores, antes da criação da paralímpica. Em 2016, em Blumenau, o associado se vinculou à modalidade e, em 2018, foi o novamente o primeiro do pódio na classificação final – paralímpico 50M livre.
Prática esportiva com segurança
Os Jogos da Fenae são realizados há cerca de 30 anos, e sagra-se como o maior evento esportivo entre bancários do país. O diretor de Esportes da Fenae, Carlos Alberto Oliveira Lima (Caco), explica que o processo de inclusão nos eventos esportivos será retomado logo que as competições possam ocorrer com segurança e que as práticas esportivas e os encontros possam contribuir para a saúde de todos e não riscos.
“Neste momento em que a pandemia inviabiliza nossos encontros, que exige isolamento social e inviabiliza treinos coletivos, o que podemos fazer é incentivar os atletas a realizarem atividades individuais para cuidarem da saúde. Continuem enfrentando as adversidades, lutemos para que a vacina chegue a todos, atuem com as medidas sanitárias e trabalhem para que elas sejam colocadas em vigor”, aconselha Caco.
Nesses 34 anos de existência do evento esportivo que se tornou referência para os empregados do banco público, é bem viva a lembrança feita pela atleta paralímpica da Apcef/BA, Carina Queiroz. No dia 20 de abril de 2018, ela levou o público do Inspira Fenae a refletir sobre as adversidades enfrentadas pelas pessoas que necessitam de acessibilidade no Brasil e mostrou como superou uma depressão e uma separação a partir dos treinos de natação para os Jogos da Fenae 2016.
Fonte: Fenae