Evento acontece em São Paulo e a promoção é da Fenag. Um dos principais focos é a importância da Caixa na execução de programas sociais e no desenvolvimento regional
A Caixa Econômica Federal é um banco essencial para a execução de políticas públicas, por sua capilaridade em todo o Brasil e por sua vocação social. Os empregados devem unir-se para impedir que o único banco efetivamente público do país seja enfraquecido, fatiado, reduzido ou privatizado.
Com base nesse princípio, a Federação Nacional das Associações dos Gestores da Caixa (Fenag) abriu oficialmente nesta sexta-feira (20), em São Paulo, o seu 65º encontro nacional, que prossegue até sábado, dia 21, com a participação de representantes das 31 Agecefs filiadas. Um dos principais focos do evento é a defesa da Caixa 100% pública e impulsionadora do desenvolvimento social e econômico.
A iniciativa contra qualquer tentativa de privatização do banco foi o tema da mesa de abertura do encontro. Um dos debatedores foi Jair Pedro Ferreira, presidente da Federação Nacional das Associações do Pessoal da Caixa (Fenae). “Na esfera federal, encontramos um governo dividido entre discursos explicitamente privatistas e outros que escamoteiam a privatização, com argumentos mais palatáveis, segundo os quais a Caixa não será privatizada, ao mesmo tempo que acenam ao mercado com abertura de capital e venda de partes rentáveis da empresa”, denunciou.
Na ocasião, Jair Ferreira convocou os empregados do banco a se mobilizarem contra o retrocesso representado hoje no Brasil pela era dos desmontes, da retirada de direitos dos trabalhadores e do sufocamento da democracia. Ele reiterou ser papel das entidades representativas defenderem a Caixa com todo o seu potencial. “Se tirarem o FGTS da Caixa, ou se acabarem com o benefício proporcionado por essa importante ferramenta, os trabalhadores, a população e a sociedade serão os maiores prejudicados”, avaliou.
Também presente à cerimônia de abertura do 65º Enagecef, Rita Serrano, representante eleita dos empregados no Conselho de Administração da Caixa, ressaltou que é preciso entender as consequências da privatização das operações. “Aqui é o ambiente adequado para encontrar soluções. Precisamos entender a realidade para podermos transformá-la e mudar o rumo da história, como temos feito até agora. A organização dos empregados modificou o rumo da Caixa. Nosso papel é defender a sustentabilidade do banco e os direitos históricos dos empregados”, declarou.
Durante sua intervenção, a conselheira fez um relato sucinto sobre as ameaças e lutas com relação ao Instrumento Híbrido de Capital e Dívida (IHCD) e a respeito dos ataques contra o Saúde Caixa e a Funcef. “Transformar a Caixa em uma Sociedade Anônima muda toda uma configuração de banco público. No Conselho de Administração, voto contra tudo o que fragiliza o banco e os direitos dos trabalhadores. Meu mandato é um instrumento de luta de todos os empregados”, afirmou.
Além da Fenae e da representante dos empregados no CA, o ato de abertura do encontro nacional dos gestores contou com a participação de representantes da Advocef, da AudiCaixa e do superintendente da SR Osasco, Gustavo Henrique Nogueira Sampaio.
Na programação, que irá prosseguir neste sábado (21), constam ainda debates sobre o Saúde Caixa, a Funcef, o relacionamento institucional da Fenag com o Congresso Nacional e a gestão sustentável dos planos de benefícios das entidades fechadas de previdência complementar.
No primeiro dia do evento, a outra mesa temática teve a presença do professor Fernando Nogueira, economista da Unicamp e ex-vice-presidente da Caixa de 2003 a 2007. Durante a palestra, o pesquisador discorreu sobre o impacto social da devolução do IHCD, opinando que isto compromete profundamente os recursos dos financiamentos necessários para a Caixa cumprir sua missão de combater o deficit habitacional do país.