Mesmo em meio à crise econômica, gerada pela pandemia do coronavírus, a Caixa Econômica Federal lucrou R$ 5,6 bilhões no primeiro semestre de 2020. Para a Federação Nacional das Associações do Pessoal da Caixa Econômica Federal (Fenae), esse resultado se deve ao esforço incansável dos trabalhadores, que têm arcado com pesada demanda de trabalho, mas que não está sendo reconhecida pela direção do banco.
“Apesar de ter havido redução, os números mostram que a Caixa continua lucrando. Ou seja, o banco não tem motivos para deixar de atender nossas reivindicações e muito menos para retirar direitos dos empregados”, argumenta Sérgio Takemoto, presidente da Fenae.
O lucro da Caixa no primeiro semestre de 2020 foi menor quando comparado com o mesmo período de 2019, com uma queda de 31%. O banco lucrou no segundo trimestre deste ano R$ 2,6 bilhões. Em relação ao 1º trimestre de 2020, a redução foi de 16,1%.
As principais causas da queda do lucro, segundo relatório divulgado pela Caixa, foram redução da margem financeira em aproximadamente 23,6% e de 15,1% nas receitas de prestação de serviço, compensadas parcialmente pelo recuo de 1,1% na despesa de pessoal, e estabilidade das outras despesas administrativas.
Na comparação trimestral, a redução da margem financeira foi de 9,6%, influenciada pelas reduções de 9,3% em Receitas de operações de crédito e 17,6% em resultado de TVM (Títulos e Valores Mobiliários) e derivativos, compensadas pela redução de 14,9% em despesas de captação. A rentabilidade sobre o patrimônio líquido médio da instituição no semestre foi de 12,07%, com queda de 7,59%.
O banco também divulgou um balanço dos pagamentos dos benefícios para amenizar os impactos da pandemia. Segundo a Caixa, já foram pagos R$ 202,8 bilhões para um total de 95,5 milhões de pessoas, considerando o Auxílio emergencial, o saque emergencial do FGTS e o benefício emergencial (BEm).
Mais clientes e menos empregados
A Caixa teve um incremento de R$ 27 milhões de novos clientes nos seis primeiros meses de 2020. No entanto, não houve contratação significativa de empregados. O banco encerrou o 1º semestre de 2020 com 84.320 empregados, com abertura de apenas 207 postos de trabalho no trimestre.
“O aumento da clientela e a falta de contratações demonstram o que já temos denunciado, de que os trabalhadores da Caixa estão sobrecarregados”, ressalta o presidente da Fenae.
As despesas de pessoal, considerando-se a PLR, diminuíram 2,42% em doze meses, atingindo R$ 11,6 bilhões no período. Com isso, no 1º semestre de 2020, a cobertura das despesas de pessoal pelas receitas secundárias do banco foi de 98,15%.
Privatização
Durante entrevista coletiva à imprensa, nesta quarta-feira (26), o presidente da Caixa, Pedro Guimarães, citou várias vezes a solidez do banco e que a redução do lucro nesse primeiro semestre foi conjuntural e que o banco deve apresentar recuperação da lucratividade no terceiro trimestre de 2020.
Pedro Guimarães reafirmou os planos de fazer a abertura de capital da Caixa Seguridade em outubro, mesmo os números apontando a lucratividade da subsidiária de seguros.
No primeiro semestre de 2020, a Caixa Seguridade acumulou R$ 807,9 milhões de Lucro Líquido recorrente, um aumento de 5,2% em relação ao mesmo período de 2019. Deste montante, R$ 393,9 milhões foram auferidos no segundo trimestre do ano, um incremento 2,7% em comparação ao segundo trimestre de 2019.
“A intenção do Pedro Guimarães e do Paulo Guedes é vender as partes mais lucrativas da Caixa, as partes que o sistema financeiro internacional deseja. O governo está comprometido só com interesses financeiros”, alerta Sergio Takemoto.
Crédito
A Carteira de Crédito Ampla da Caixa teve alta de 2,9% na comparação trimestral, e de 5,51% em doze meses, totalizando R$ 720,1 bilhões no final do primeiro semestre. A Carteira Comercial Pessoa Física cresceu 1,1% em doze meses, totalizando R$ 81,6 bilhões, enquanto a Carteira Comercial Pessoa Jurídica cresceu 6,3% no período, somando R$ 44,96 bilhões. Com saldo de R$ 484,7 bilhões e participação de 67,3% na composição do crédito total, o crédito imobiliário cresceu 3,0%, no trimestre, e 7,2%, em doze meses.
As operações de saneamento e infraestrutura cresceram 1,2% na comparação trimestral, e 2,6%, em doze meses, totalizando R$ 85,7 bilhões. A taxa de inadimplência para atrasos superiores a 90 dias foi de 2,48%, mantendo-se praticamente estável na comparação com o mesmo semestre do ano anterior.
A Caixa informou também já ter concedido o montante de R$ 7,3 bilhões em crédito a mais de 57,9 mil empresa, no âmbito do Programa de Apoio às Microempresas e Empresas de Pequeno Porte (Pronampe), além de R$ 2,2 bilhões a mais de 28,6 mil empresas em linhas do financiadas pelo Fundo de Aval para as Micro e Pequenas Empresas (Fampe).