As dificuldades econômicas enfrentadas durante a pandemia atingiram em cheio os micros e pequenos empreendedores brasileiros. Ao mesmo tempo em que a desaceleração do consumo trouxe a necessidade de crédito para se manterem durante a crise, o cenário de incerteza levou os bancos a serem mais cautelosos ao oferecerem empréstimos. Um estudo realizado pelo professor Lauro Gonzalez, coordenador do Centro de Estudos em Microfinanças e Inclusão Financeira da Fundação Getulio Vargas (FGV), publicado pelo jornal Valor Econômico, mostrou que há uma “lacuna de crédito” para o pequeno empresário no Brasil. 

Segundo o levantamento, feito em parceria com os pesquisadores Bruno Barreira e Arthur Ridolfo, há 9,8 milhões de microempreendedores individuais (MEIs), 6,6 milhões de microempresas (MEs) e 900 mil empresas de pequeno porte no Brasil (EPPs). A pesquisa, que constatou que a maioria dessas companhias depende de suas próprias vendas para ter um capital de giro, estimou uma perda de 49% a 65% no faturamento das empresas, em média, o que mostraria uma necessidade de uma demanda de R$ 472 bilhões de crédito. 

A Federação Nacional das Associações do Pessoal da Caixa Econômica Federal (Fenae) já havia feito o alerta sobre a falta de medidas anticíclicas do governo. Até o momento, ainda pouco se fez para indicar como a população irá sair da crise. O Brasil não tem um plano efetivo para restabelecer a economia, criar emprego e renda ou mesmo de vacinação para toda a população para superar a crise sanitária da Covid-19.

 “Desde o início da crise chamamos a atenção para a importância da atuação dos bancos públicos para evitar ainda mais desemprego, mas o governo Bolsonaro não fez isso e situação está se agravando ainda mais. O Estado conta com bancos do porte da Caixa que podem e devem ser usados para a execução de políticas anticíclicas, como ocorreu em 2008”, salientou Sergio Takemoto, presidente da Fenae. 

Considerando os dados de concessão de crédito divulgados pelo Banco Central em 2019, eles estimaram uma lacuna entre a demanda potencial de MPEs (Micro e Pequenas Empresas) e a oferta anual de crédito pelas instituições financeiras da ordem de R$ 202 bilhões. 

Segundo Gonzalez, esse seria um bom momento para o governo intervir e incentivar o microcrédito por meio de parcerias de bancos estatais com instituições privadas. “Acho que nesse momento o governo precisa ter um papel ativo no crédito para os pequenos. Porque o setor privado e o setor financeiro tradicional não atende a esse setor”, afirma. Para ele, uma saída poderia ser a criação de parcerias entre os bancos estatais, como a Caixa Econômica, Banco do Nordeste e até mesmo o BNDES com empresas de microcrédito e até mesmo fintechs, a fim de atender a demanda reprimida. 

 

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