O acesso ao crédito continua sendo um problema para grande parte das pequenas e médias empresas em plena crise causada pela pandemia do coronavírus. No período de 7 de abril a 2 de junho, dos 6,7 milhões de empreendedores de pequeno porte que tentaram obter empréstimos nos bancos, apenas 1 milhão efetivamente obteve os recursos que precisava, segundo apontou levantamento feito pelo Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) e a Fundação Getúlio Vargas (FGV).  A exemplo do que aconteceu na crise de 2008, são os bancos públicos como a Caixa e o Banco do Brasil os mais procurados pelos empresários.

Desde que começou a operar a linha de crédito emergencial para micro e pequenos empresários, em 16 de junho, a Caixa atingiu mais de R$ 1 bilhão contratado, contemplando mais de 16 mil empresas.

O banco tem sido o principal operador do Programa Nacional de Apoio às Microempresas e Empresas de Pequeno Porte (Pronampe), criado há mais de um mês para destravar o crédito para os pequenos negócios, que só teve adesão até agora de cinco bancos. O Banco do Brasil deu início aos financiamentos nesta quarta-feira (1) e deverá emprestar R$ 3,7 bilhões para 180 mil empresas.

“Esse é o papel social da Caixa e dos demais bancos públicos, ajudar os segmentos que estão sendo impactados pela crise e o País a sair da recessão que estamos atravessando. Os pequenos e médios empresários passam por um sufoco muito grande e não estão conseguindo honrar com suas despesas e dívidas”, defende o presidente da Federação Nacional das Associações do Pessoal da Caixa Econômica Federal (Fenae), Sergio Takemoto.

“É fundamental que não haja tanta burocracia e que os empréstimos cheguem com taxas de juros mais acessíveis. Acesso reduzido de micro e pequenas empresas ao crédito durante a pandemia tem impacto negativo na economia, que só voltará a girar com incentivo ao consumo, se as empresas conseguirem um fôlego para se manter durante a crise”, completa Takemoto.

O Pronampe oferece R$ 15,9 bilhões de garantias do Tesouro Nacional para o crédito aos pequenos negócios e promete cobrir até 85% das perdas dos bancos que aderirem ao programa. Por isso, a expectativa é de empréstimos na ordem de R$ 18,7 bilhões, para atender às micro e pequenas empresas que não estão sendo contempladas com as linhas de crédito tradicionais.

Segundo o Sebrae, quase 60% dos 17,2 milhões de pequenos negócios brasileiros precisam de empréstimos nesse momento. Porém, só 16% dos pedidos foram aprovados até agora.

“Nos países desenvolvidos, existem políticas de crédito a juros zero porque os pequenos negócios são essenciais para o funcionamento do sistema econômico. No Brasil, o crédito continua caro e burocrático. Em cada sete pequenos negócios que buscam empréstimo em banco só um consegue. Elas são 99% das empresas e respondem por a maior parte dos empregos. Em tempos de pandemia, a prioridade deveria ser manter as empresas vivas. Se não socorrermos as empresas que precisam de crédito, não vai haver empresa para voltar a produzir e não sairemos dessa crise tão cedo”, declarou o presidente do Sebrae, Carlos Melles, recentemente à imprensa.

O levantamento feito pelo Sebrae em parceria com a Fundação Getúlio Vargas (quarta edição da série de pesquisas iniciada em março), ouviu 7.703 donos de pequenos negócios de todos os 26 Estados e do Distrito Federal. Além de confirmar a dificuldade no acesso a linhas de crédito, a pesquisa mostrou também um crescimento do número de empresas com dívidas/empréstimos em atraso (a variação foi de 33% para 41%) entre a primeira semana de maio (dia 5) e o início de junho (dia 2).

No Brasil, micro e pequenos empreendimentos equivalem a 99% do empresariado e respondem por mais de 52% dos trabalhadores com carteira assinada do setor privado.

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