Uma reestruturação pegou os empregados da Caixa de surpresa no início desta semana. Cerca de 170 imóveis não terão seus aluguéis renovados e outros prédios serão vendidos. Como consequência, muitos empregados chegaram para trabalhar já com o aviso de mudança, sem saber para onde seriam transferidos. A medida, feita sem negociação com os trabalhadores, causou pânico e insegurança entre os empregados que foram atingidos, muitos temem que a mudança possa interferir na vida funcional e nas remunerações.

A mudança ocorre mais uma vez sem planejamento da direção da Caixa. Os empregados estão perdidos e correm o risco de serem transferidos para outras cidades e de perderem suas funções, faltando poucos dias para o fim do ano. “Mais uma vez o que estamos vendo é o desrespeito da direção da Caixa com os empregados. Até o momento não tivemos nenhuma informação oficial do que está acontecendo. E o que estamos vendo é uma medida da Caixa que está gerando pânico e insegurança entre os trabalhadores”, afirmou o presidente da Federação Nacional das Associações do Pessoal da Caixa Econômica Federal (Fenae), Sergio Takemoto.

A informação da devolução dos prédios da Caixa veio na última sexta-feira (27/11), durante a apresentação do balanço do terceiro trimestre. As mudanças estariam ligadas as áreas da vice-presidência Rede de Varejo (Vired), vice-presidência Tecnologia e Digital (Vitec), vice-presidência Logística e Operações (Vilop). Gerências como de tecnologia (Gitec), de logística (Gilog), de segurança (Giseg) e de Alienação de Bens Móveis e Imóveis (Gilie), teriam as filiais extintas e parte de suas atividades seriam transferidas para centralizadoras que seriam criadas.

O processo de despejo também está atingindo as gerências Executivas de Governo (Gigov) e gerências Executivas de Habitação (Gihab), áreas responsáveis pelo planejamento urbano dos municípios. “A falta de planejamento que vemos acontecer no governo, está presente nessa decisão da direção da Caixa. Estão pensando unicamente na questão econômica, sem pensar nas pessoas nem como as políticas públicas vão chegar aos municípios e suas populações ”, avaliou Takemoto. 

“Uma mudança desse porte exige planejamento e não estamos vendo isso. Isso é uma reestruturação e ninguém sabe qual é o encaminhamento, se haverá um local para trabalhar. A Caixa precisa informar isso para todos que serão atingidos”, ressaltou a coordenadora da Comissão Executiva dos Empregados da Caixa (CEE/Caixa), Fabiana Uehara Proscholdt.

Uma das áreas que estão sendo deslocadas é a Gilog da Caixa na Avenida Paulista, em São Paulo (SP). A unidade foi inaugurada para concentrar áreas meio do banco, mas já está sofrendo com as mudanças. Os empregados foram para esse prédio no meio da pandemia, em junho, mas já estão sendo retirados. “Estamos vendo empregados sendo despejados da empresa. É um movimento que nunca se viu. O prédio que acabou de ser inaugurado e agora durante essa mudança que exige da área de logística, a própria logística está sendo desalojada”, contou Leonardo Quadros, diretor-presidente da Apcef/SP e membro da CEE/Caixa.

CEE questiona medida da Caixa 

Por meio de um ofício, a Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT), assessorada pela CEE/Caixa, questionou o banco quanto ao deslocamento dos trabalhadores e a falta de negociação da direção da Caixa com os trabalhadores, como garante o Acordo Coletivo de Trabalho (ACT).

De acordo com a coordenadora da CEE/Caixa, Fabiana Uehara Proscholdt, a reestruturação deveria ser comunicada e negociada com trabalhadores. “Nós temos um Acordo Coletivo que prevê a negociação com os trabalhadores antes de mudanças como essas. E não fomos informados sobre isso. Essa reestruturação está sendo feita sem planejamento e debates”, afirmou.

Para a coordenadora, as mudanças podem significar um aumento de casos positivos de covid-19 entre os empregados. “Não sabemos em quais circunstâncias serão realocados os trabalhadores das unidades fechadas. A direção da Caixa mais uma vez coloca saúde dos empregados em risco ao promover uma aglomeração nas agências em um momento em que a Covid-19 está aumentando em todo país”, ressaltou.

O documento solicita informações sobre como se darão as alterações nas lotações e a desocupação dos prédios. Além disso, pede esclarecimentos “quanto aos empregados atingidos, bem como que haja negociação com as entidades sindicais representativas para a melhor solução e acolhimento das empregadas e dos empregados envolvidos nesta decisão”.

Leia na íntegra o ofício enviado à Caixa

Com informações da Fenae 

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