A Federação Nacional das Associações do Pessoal da Caixa Econômica Federal (Fenae) retornou ao teletrabalho e suspendeu o atendimento presencial na sede, em Brasília, a partir desta segunda-feira (1). A decisão foi tomada em respeito ao decreto do Governo do Distrito Federal nº 41.849, de 27 de fevereiro de 2021, que determinou regime de lockdown por conta da elevada taxa de ocupação das unidades de terapia intensiva (UTIs) no estado.

O primeiro decreto foi publicado no dia 26 de fevereiro. No dia seguinte, o governador do DF, Ibaneis Rocha (MDB), publicou um novo documento que incluiu as agências bancárias e lotéricas como atividades essenciais. A medida ficará em vigor até o dia 15 de março. A Fenae permanece acompanhando as notícias referentes às ações do Distrito Federal e vai comunicar os trabalhadores as novas orientações necessárias.

O presidente da Federação, Sergio Takemoto, destacou que a Fenae vai continuar empenhada em pressionar o Governo Federal por um programa amplo e eficaz de vacinação para todos os brasileiros e a inclusão dos empregados da Caixa no grupo prioritário para imunização. “É urgente a aquisição de vacinas e uma campanha efetiva para toda a população. E reforçamos a necessidade de incorporar os empregados Caixa no grupo prioritário. Se o governo inclui estes trabalhadores nas atividades essenciais, eles devem ser prioritários na vacinação. Não só os bancários como todos os brasileiros que atuam na linha de frente de combate à pandemia”, defendeu. A Fenae já enviou ofício ao ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, solicitando a inclusão dos empregados do banco público no grupo de prioridade para receber a vacina.

Desde o início da vacinação no país, no dia 18 de janeiro, o governo acumula sucessivos erros de gestão, falta de planejamento, logística e não demonstra interesse e urgência na aquisição de vacinas, analisa o presidente da Fenae. “Tudo isso faz o país avançar a passos lentos. Até hoje o governo não definiu um plano nacional de imunização. Cada estado definiu suas próprias estratégias e cronogramas, mas todos dependem da aquisição de vacinas pelo Governo Federal”. 

O atraso do governo para comprar as vacinas que já estão disponíveis pode fazer o país demorar anos para proteger os brasileiros contra a Covid-19. De acordo com o microbiologista da Universidade de São Paulo (USP), Luiz Gustavo de Almeida, se o país continuar o atual ritmo de vacinação, levará quatro anos para imunizar a população. Ele levou em conta o número de brasileiros aptos para receberem a vacina – cerca de 160 milhões – já que os menores de 18 anos não serão vacinados agora.

Segundo dados do Ministério da Saúde, apenas 5.612,560 milhões de brasileiros receberam a primeira dose da vacina até hoje. Destas, somente 1.471,868 milhão de pessoas estão imunizadas com a segunda dose. O número de imunizados não representa nem 1% da população brasileira, que é de 211 milhões de pessoas, segundo o IBGE.

Para Takemoto, a lentidão no processo de vacinação demonstra o descaso do governo para imunizar a população. Ele considera um retrocesso, já que o Brasil sempre foi destaque no mundo no que diz respeito às campanhas de vacinação.

Em 2010, durante a pandemia do H1N1, o Brasil foi o país que mais vacinou a população pelo sistema público de saúde no mundo. Foram quase 90 milhões de doses administradas em menos de quatro meses. Em março de 2020, quando o país já enfrentava a pandemia do novo coronavírus, cerca de 1 milhão de brasileiros foram vacinados contra a gripe, diariamente.

“Temos condições técnicas, financeiras e, principalmente, temos O SUS [Sistema único de Saúde] – com tradição, estrutura de distribuição e expertise para grandes campanhas. O que falta é vontade de proteger a população”, disse. “Quantas mil vidas ainda vamos perder por conta da inoperância e da frieza do Executivo? Este governo desastroso está abandonando a população à própria sorte”, opinou.

Sindicatos cobram medida 

As entidades em defesa da categoria bancária têm cobrado das autoridades governamentais a agilidade na vacinação e cumprimento dos protocolos de segurança para os trabalhadores. A mais recente é a do Sindicato dos Bancários de Brasília. A entidade enviou um ofício ao governador do Distrito Federal e a todos os bancos da base solicitando a adoção e ajuste urgente de novos e rigorosos protocolos em razão das novas variantes do coronavírus. “Solicitamos audiência para que possamos assegurar a implementação tempestiva da revisão e adoção de novas medidas no enfrentamento da crise, em especial aos trabalhadores de atividades essenciais, expostos desde o início da quarentena, como é o caso dos bancários, destacando a questão dos trabalhadores coabitantes com pessoas do grupo de risco”, diz o documento.

Para a secretária-geral do sindicato e coordenadora da Comissão Executiva de Empregados da Caixa (CEE/Caixa), Fabiana Proscholdt, o banco público deve priorizar os protocolos, de forma que a segurança dos empregados esteja em primeiro lugar. “Com a provável volta do auxílio emergencial, as agências vão ficar ainda mais cheias porque não existe um planejamento do governo nem da direção da Caixa para retomada do pagamento. Assim os empregados e a população estarão vulneráveis ao contágio”, alertou. “Nossa cobrança é para total cumprimento do que já está acordado – a garantia do home office para grupos de risco, a obrigatoriedade do fornecimento de Equipamentos de Proteção Individual (EPI) e protocolos rigorosos para as atividades que demandam atendimento presencial. Novas medidas devem ser adotadas por conta das novas variantes, que são mais contagiosas”, informou Fabiana.

No Congresso

Mais de cem projetos de lei ou indicações sobre o plano nacional de imunização tramitam na Câmara e no Senado desde o ano passado. A maioria tem o objetivo de incluir categorias nos grupos prioritários, tornar crime a falsa aplicação das doses ou pessoas “furando a fila” da vacinação. Uma indicação (INC 1222/2020) apresentada em 15 de dezembro de 2020, de autoria do deputado Ricardo Silva (PSB-SP), requer o envio de Indicação ao Ministério da Saúde para inclusão dos bancários no grupo prioritário do Plano Nacional de Vacinação. “Tais profissionais executam suas essenciais atribuições mediante amplo contato com um grande número de pessoas, fato este que, além de expô-los demasiadamente ao contágio, o tornam potenciais propagadores involuntários do aludido vírus”.

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